segunda-feira, dezembro 27

Esmaltes

É completamente insano colocar a culpa de um ano avesso na cor do meu esmalte da noite de ano novo. Mas tudo começa por ai, pois passar a virada com as mãos rosa pink e os pés rosa nude não combinam com nenhum ser humano. Antes fosse apenas isso... Comemorei 2010 três minutos depois da meia noite, ou seja, descombinante e atrasada.
     Fui acompanhada, mas moço, apesar de ser muito charmoso, é complicado, trouxe dor de cabeça antes e depois. A partir daí resolvi que a meta seria encontrar garotos da mesma faixa etária, resultado: encontrei alguns, um particularmente inesquecível, mas ficou longe... Em outros lagos. E creio que o motivo de tanta ternura seja tê-lo encontrado só por uma noite. Depois disso nada me apeteceu e tudo aconteceu sem que eu quisesse dar continuidade.
     No entanto, voltei ao teatro e descobri que a mineira é ótima e que Minas ano que vem será saudosista. Dessa forma, deixei os rascunhos virarem postagens numa ideia reforçada por pessoas especiais. E prossegui sem saber aonde chegar, apenas escrever toda semana pra ouvir de tão, tão distante que consegue ver toda a verdade que a timidez esconde.
     Foram inúmeros desastres físicos, todo mês a farmácia batia a minha porta e eu abria, senhoras e senhores ponham a mão no chão e não se esqueçam de dar uma rodadinha... Pequeno engano, não houve tempo para brincadeiras, mas eu consegui brincar, principalmente com as minhas metas e com os meus sonhos, que até certo tempo ficaram voando de camada em camada no meu cérebro.
     Depois que eu descobri o que realmente queria tudo ficou azul e pude escutar Glee sem culpa. Mas eu me descobri estressada até tudo finalmente acabar e eu poder dormir em uma segunda-feira à tarde sem ter a consciência pesada.
     E para finalizar, coisas em família me assustam. Porém mais ainda, descobrir que penso muito sobre meus próximos atos e que tenho medo de deixar as coisas acontecerem, porque garoto você não faz ideia de onde minha mente já conseguiu chegar depois de alguns beijos. No entanto, vou tentar seguir alguns conselhos para tentar terminar o ano bem, porque eu ainda acho que a culpa foi do esmalte.

quarta-feira, dezembro 15

Have Fun!

     Achei isso em um tumblr, resolvi fazer uma excursão pelas minhas músicas e achei cada passado... em resumo, foi muito bom! Sintam-se a vontade para fazer! Enjoy.

REGRAS:
1. Ligue seu music player no aleatório.
2. Aperte avançar para cada pergunta.
3. Use o nome da música como resposta para a pergunta mesmo se não fizer sentido. NÃO TRAPACEIE!
4. Com as respostas, dê seus próprios comentários de como isso se relaciona à pergunta.

1. Como você está se sentindo hoje?
Apocalypse Please [o dia tá nublado, deve ser por isso... hm]
2. Você vai avançar na vida?
Disturbia (acustic)
3. Como os seus amigos te vêem?
Shout
4. Você vai se casar?
Cero Não [dúvida cruel do destino]
5. Qual é a música tema do seu melhor amigo?
Sampa [haha, acho que não :p]
6. Qual é a história da sua vida?
Ilusão
7. Como foi/será o ensino médio?
Dias de Sol
8. Como você pode seguir com a sua vida?
Eduardo e Mônica
9. Qual é a melhor coisa sobre seus amigos?
Best of You
10. O que tem programado para esse fim de semana?
Relicário [o certo seria cadeira e prova a sua frente, mas...]
11. Para descrever seus avós?
It’s All Your Fault
12. Como está indo sua vida?
Letícia [hahahha, essa é boa!]
13. Que música vai tocar em seu funeral?
Breed :O
14. Como o mundo te vê?
Na porta do bar [eita]
15. Você terá uma vida feliz?
Doce Vampiro
16. O que você deveria fazer agora?
Codinome Beija Flor [resposta incorreta, tente novamente]
17. As pessoas te desejam secretamente?
Always [capaz... ¬¬’]
18. Como posso te fazer feliz?
Can’t Let You Go
19. O que você deve fazer com a sua vida?
Brumario
20. Você terá filhos?
Crazy [segunda dúvida cruel do destino]
21. Você faria strip-tease com que música?
Verdade de Feirante [oh no!]
22. Se um homem numa van te oferecesse balas, o que você faria?
Saideira [Comandante, capitão, tio, brother, camarada (8)]
23. O que sua mãe pensa de você?
Parabólica
24. Qual é o seu segredo mais negro e profundo?
Por Enquanto [mudaram as estações, e eu confesso ter acreditado que tudo era pra sempre :p]
25. Qual é a música tema do seu inimigo mortal?
Live Forever
26. Como é sua personalidade?
Lança Perfume [u-au]
27. Que música será tocada em seu casamento?
Hello Sunshine [ah, essa eu gostei!]
28. Quais são suas aspirações?
Assim Caminha a Humanidade [ainda vai levar um tempo... é natural que seja assim]
29. O que passa pela sua mente quando você acorda?
Linger
30. O que seu namorado quer de você?
Lágrimas e Chuva [poxa...]

domingo, dezembro 12

Domingo


     Era domingo, ela acordou antes do horário habitual e foi para a sacada. O vento fresco do sexto andar fazia companhia junto com o céu, num congestionamento de nuvens brancas e silêncio absoluto.
     Como de praxe, os pensamentos começaram a voar e ela percebeu que há pouco tempo conseguiu reorganizar as ideias, colocá-las em cada pasta-arquivo, dentro de suas respectivas gavetas no cérebro. E isso trouxe leveza, que a muito não sentia.
     Toda essa reflexão, no entanto, foi interrompida pelo barulho do interfone. O questionamento é o mesmo, quem poderia ser àquela hora, domingo de manhã? Isso a fez rir, porque há um tempo, não se permitia pensamentos tão banais.
     - Oi.
     - Sou eu, posso entrar?
     Enquanto decidia se aquilo seria bom ou ruim, apertou o botão e deixou-o entrar.
     Quando o elevador abriu e ele a viu de pijama, tão confortável, aquilo lhe causou certo incomodo. E quando o elevador abriu e ela o viu caminhar pelo hall, as perguntas bombardeavam todas as suas dúvidas.
     - Oi – disse ele.
     - Entra.
     - Obrigado. Como é que você está? – ele realmente queria saber, depois de tomar nota do ambiente.
     - Estou bem... E você? – não que ela realmente quisesse saber, mas precisava ser educada.
     - Também to legal...
     O clima continuou estranho, aquele domingo tranqüilo acabara de sair pela mesma porta, enquanto seu primo entrava como convidado e se apresentava como o domingo tenso. Ele acabou se sentando no sofá e ela percebeu que ainda havia muito a ser dito.
     - E então, por que é que você veio?
     - Eu vim aqui por que... Pra te pedir para voltar. Aqui não é o seu lugar.
     - Eu não vou fazer isso!
     - Será que você não percebe o quanto está agindo com imaturidade?
     - Você não é a melhor pessoa para falar sobre maturidade!
     - Eu não vim aqui para brigar. Quero que você volte para casa e resolva os seus problemas sem envolver outras pessoas.
     - Já disse que não vou fazer isso. Eu sai de casa porque as coisas não se resolveram. Você teve um prazo de catorze anos para mudar toda a situação e nunca fez nada! Na verdade, deixou tudo acontecer como ela sempre quis e assistiu a tudo como se fosse cego, surdo e mudo.
     - Isso não importa mais... Depois do que você fez tudo está diferente, mas você não pode continuar aqui pra sempre.
     - Não importa pra você que nunca passou o que eu passei! Ou não quis enxergar o que sempre esteve na sua frente! E eu sei que aqui eu posso continuar.
     - Você tem noção do drama que está fazendo?
     - Isso não é drama pai! É procurar amor e carinho. Procurar ser entendida e ter felicidade. Aqui eu sei que eu tenho tudo isso e por mais imatura que eu seja, vou tentar não cometer os mesmo erros.
     - Eu vou te dar até o final do ano, três meses, para que você volte pra casa!
     - Você sabe que isso não vai acontecer!
     Ele a olhou por um breve instante e saiu sem dizer nada. Por mais que sentisse as lágrimas caindo, ela se sentia aliviada por ter falado. Claro que havia muito mais a ser dito, mas não por hora, pois são coisas para outros capítulos.

quarta-feira, dezembro 8

Intimamente falando

- Como você está se sentindo?
- Creio que estou bem... Tudo parece caminhar para um final feliz e seguro.
- E em relação a sentir saudade, a que conclusão chegou?
- Sinto-me estranha neste ponto; porque a ideia de mudar completamente de rotina me excita mais que o fato de deixar pessoas que me acompanharam boa parte da vida.
- Não sou profissional, apenas o seu reflexo no espelho, e por isso te conheço de outros carnavais e posso afirmar que você sempre foi assim.
- Agora é a parte que você começa a me descascar e eu passo a me sentir como uma banana amassada?
- Eu desconsidero o drama e concluo que mudanças radicais têm a ver com você, sem medir as consequências.
- Exemplos, por favor...
- Seu corte de cabelo, o regime, o teatro, a secretaria e um pouco do seu estilo. Mas o pior de tudo foi o seu ano escolar, uma tragédia!
- Minhas mudanças físicas estão relacionadas à minha auto-estima! E concordo apenas com os estudos... Este ano consegui falir minhas expectativas de ser brilhante.
- E por isso é mais conveniente você fugir a encarar os fatos. No entanto a sua sorte é que tudo veio a calhar, não há espaço para você aqui, nós duas sabemos que você precisa ir embora e colocar as ideias no lugar.
- Nisso você tem razão, além da carência afetiva eu ando sentindo tudo misturado, meus sonhos têm me perturbado e minhas reações também.
- Tenho acompanhado os seus sonhos e realmente você conseguiu me assustar.
- Muito obrigada pelo sorriso cínico. Além dele você tem algum conselho?
- Aproveite o clima natalino para reavaliar os sentimentos e no ano novo, faça planos que talvez possam ser cumpridos.

terça-feira, novembro 30

Romances

Então a fórmula é esta?! Um belo par de olhos, corpo atlético, com o passado errado, cheio de tropeços, mas que no presente desperta as fantasias e o desejo incontrolável daquela que sumiu por anos, mas voltou esbelta, cheirando à rosa e jasmim, com vários fantasmas e alguns assuntos inacabados do passado que permaneceram fiéis ao seu retorno para serem resolvidos.

Geralmente, este é o contexto. Possui sempre açúcar, adoçante e mel. Faz-nos ler cada página, atiçando a imaginação, para no final ficar os sonhos, com o olhar vago pela janela remontando as cenas e sentindo todas as emoções. Cansei-me deles!

Eu me pergunto por que ser assim? Para que permitir que isso influencie e deixe conduzir os planejamentos futuros pelo caminho errôneo do romance? Por que se precisa deles para tentar crer que tudo vai acabar bem e aquele marido, com a vida cheia de aventuras e no final uma linda família será encontrada.

Oh mundo cruel dos livros, que nos leva para toda a imensidão sem fim, que muitas vezes se inspira no real para ser montado - mas não é o real. E ainda assim nos fascina... Não é necessário mais um bombardeio de coisas mundanas na nossa rotina durante a leitura como prazer, por isso se perder nos romances da banca, ou nos consagrados, nas ficções que colocam a prova o nosso poder de imaginar, ou nos históricos para voltar ao passado são sempre retirados das prateleiras das livrarias.

É certo que talvez seja um pouco radical, visto que no momento as coisas andam confusas por aqui; no entanto, os romances e suas fórmulas que levam sempre para o mesmo caminho têm me cansado. Vou procurar outras fantasias.

segunda-feira, novembro 29

Pedido

Peço a você que não se aproxime! Não por não gostar de você, mas por não querer sentir os seus sentimentos chegando até mim. Compreendes? Eu acho que não... Trocando em miúdos, tenho medo do que posso me permitir sentir com você por perto, pois creio perder meu autocontrole e cair em um abismo sem fim de sentimentos inacabados. É por isso que peço a você para não manter contato, apenas me deixe refletir e me permitir aceitar a sua presença, do contrário eu sei que vou fugir e guardar todas as angústias em uma caixa, pois acredite, é isso que venho fazendo há um bom tempo.

terça-feira, novembro 16

Bebida

É melhor eu aproveitar esse momento incrustado dentro das traduções e entrelinhas musicais para tirar mais um sonho da cartola. Ele vem sem a minha permissão, me assusta e me diverte... Depois vai embora e deixa alguns rastros para que eu saia por ai a catá-los pelo chão.

Nada teria acontecido se ela não tivesse aceitado o seu convite de gastar a noite de sábado no seu apartamento, com alguns amigos e bebida barata. Foi um convite bem vindo dentro da vida noturna da capital quando se torna entediante com pouco dinheiro e a mesma rotina vivida por semanas.

Desde a última vez que prestou atenção nos detalhes, havia se passado muito tempo, por isso, a conversa com o espelho foi inevitável, assim como caras e bocas e diálogos montados.

Partiu de táxi com as garrafas debaixo do braço e chegando lá conheceu o pessoal, se enturmou no meio da conversa, debateu vários assuntos e inúmeros brindes insanos saíram entoados por risadas soltas até altas horas.

No fim, restaram apenas os dois e a bagunça de copos e restos de petiscos. Sentaram-se no sofá e lá continuaram a conversar inutilidades com mais gargalhadas até decidirem arrumar a bagunça.

O equilíbrio tornou-se privilégio dentro daquele apartamento minúsculo e não demoraram muito a se esbarrar. E no meio de todos aqueles anos de convivência, em que nada havia transparecido, algo falou mais rápido e ela sentiu a parede nas suas costas, os cabelos puxados e o beijo intenso, que ela tentava retribuir de diferentes maneiras.

Quando finalmente recobraram o fôlego eles se entreolharam e ela decidiu ir embora. Chamou o táxi e foi esperar na portaria. Enquanto isso, ambos se perguntavam o que havia acontecido e ela não sabia responder se a culpa fora do álcool, do seu estado de carência ou se aquilo fora uma vontade que há muito tempo estava guardada. Porém, nenhuma resposta parecia ser suficiente ou necessariamente correta, a única coisa que ela sabia era que queria experimentar mais uma vez.

segunda-feira, novembro 1

Negativas

E agora o que é que vai ser? Vamos fingir o que não somos. Posaremos para fotos em colunas sociais, na tentativa de sermos modelos para aqueles que nos admiram sem qualquer real fundamento. Cultivaremos os rancores entre nós, no entanto, quando nos reunirmos vamos acreditar que nada acontece, para que possamos gozar da mais plena felicidade.

Dessa forma congelamos sorrisos, nos trancamos nos infinitos quartos dessa casa e amaldiçoamos as várias gerações, olhamos com inveja e nos vestimos da mais bela forma, para atrairmos os olhares de cobiça, pois além de acabarmo-nos entre si, queremos a outra parte, que causa delírio e fantasias.

Por trás de tantas máscaras, há sempre aquela alma que nos pede para conciliar e seguirmos por caminhos verdadeiros; contudo, ela se esquece que é igual a nós e compartilha dos mesmos atos e sentimentos frívolos.

Por isso continue a viver, regue tuas plantas e aproveite do sexo, que mais tarde, daqui alguns anos, a gente se encontra e apara as arestas, se nossas falsidade e covardia permitirem.

terça-feira, outubro 26

Desabafo

- Podemos pular essa parte, né?
- Como assim?
- Eu sei que estamos nos conhecendo, que as apresentações são necessárias, assim como os assuntos soltos sobre o cotidiano. Mas você não precisa começar o que estava prestes a dizer.
- Não sabia que você conseguia ler mentes.
- Tudo bem, eu falo! Suas mãos estão um pouco trêmulas, então creio que você já, já começa com aquele discurso “olha tem um tempo que eu estou te observando. Gosto do seu jeito; acho que temos tudo para dar certo” e blá, blá, blá. E depois disso vem o beijo.
Ele continua a olhar incrédulo. Nada sai da sua boca, então ela continua:
- Não estou querendo te assustar, apenas mostrar o meu ponto de vista. Porque não sei como agir nessas horas. Não sei se olho para você ou não, e se eu olhar e ver que é mentira! Ou então eu precise retribuir os elogios que você me fez, mas há a possibilidade que não sejam verdadeiros, afinal eu não te conheço! Você não se importaria com isso? Seria muito mais fácil se você tentasse uma aproximação cordial, do tipo para tentar roubar um beijo...
Ele chega à conclusão que precisa de uma bebida.
- E ai, diz alguma coisa!
- Eu vou ali e já volto!
- Ok! Ficarei por aqui.
Ele foi e não voltou. Então ela comenta:
- Poxa, nem para me dar um beijo rápido, dei todas as dicas...

(Fim de festa)

segunda-feira, outubro 18

Feminina

Amanhã eu começo uma nova dieta, procuro outro exercício físico para fazer, me torno mais divertida e foco melhor nos meus objetivos. Porque hoje eu tô pensando no que já passou, no que eu fiz e o que eu falei. Para começar, devo um pedido de desculpa a todos aqueles que eu decepcionei, magoei ou mal disse. E por mais que seja clichê, ninguém é perfeito e o único passado que eu quero ver são as datas dessa agenda, onde só há rabiscos.

segunda-feira, outubro 11

Velho começo do mesmo presente

Não podemos continuar de onde paramos, foi há muito tempo atrás e a estrada está toda esburacada. O certo seria nos reunirmos para traçar metas e irmos junto para não haver apenas um culpado se algo der errado. Mas você sabe que não gosto dessas coisas, prefiro deixar os dados rolarem e caminhar nos limites do precipício ao lado do perigo. Já disse que isso é loucura e o que você precisa são de seções com o analista e não seguir ao meu lado de forma estável. A sua benevolência me deprime; porque só eu sei que essa doação está no perfume que você passa todos os dias para os outros sentirem. Não entramos nesses detalhes, mas já que você mencionou, todo esse espírito aventureiro e espetáculo que é a sua vida tem a ver com essas marcas no seu braço? Há tempos que você não sabe o que é o corpo de outra criatura, por isso não se meta onde não tem mais acesso! Eu diria que você acabou de cometer um equivoco, mas os detalhes não fazem parte do contrato, por isso, quer ou não concordar comigo que precisamos de novos planos? Estou muito bem assim, faça o que você quiser! Você é quem sabe.

quarta-feira, outubro 6

Busca

Enquanto se procura a rima dentro dos sabores das ilusões,
Mergulha-se na excursão dos sentidos do mundo.
Que encontra conversa, carinho e entrega.
Confunde o deixar e permite o acontecer.
Mostra as curvas do poema e a futilidade dos versos de ligações exatas,
Faz do vestido o vento e do movimento o portal para motivos não ancorados no mapa dos corpos.

sábado, outubro 2

Palco

Suas mãos estavam frias, as suas entranhas dando voltas e mais voltas por trás da sua pele e suas pernas a traíam com o tremor que mostrava seu nervosismo. Seus olhos vasculhavam o ambiente e sentia que outros olhos a olhavam sentada naquela cadeira, com a expressão fechada e a boca seca.

À medida que tudo foi criando forma e as palavras foram fluindo, ela pode ver olhos inexpressivos, olhos curiosos, olhos pensativos, olhos viajantes e olhos sorrindo ao sabor de cada palavra. O chapéu fora tirado, o casaco desceu como brisa e libertou todas as segundas intenções que existiam dentro daquela criatura cheia de segredos.

Da mesma forma voltou a ser matuto para tentar convencê-lo da verdade e advertir dos perigos de se comer quieto. Foi saudosista, do fundo ao inicio do poço voltou, quis deixar o coração falar para poder sentir os batimentos dentro da caixa e encontrou o que há muito havia deixando para trás.

No fim, sentiu o choque de várias mãos, uma contra a outra, transformando esse ato em sorriso para os seus lábios, dando-lhe um pouco de orgulho daquilo tudo que viveu e quis mostrar. Assim, o ser repetiu a dose várias vezes e foi dormir cansado.

quarta-feira, setembro 22

Entrelinhas

Quero afastar de mim todos os bichos ocultos que vocês colocaram nas minhas costas para assombrar os meus pensamentos. Quero mantê-los no devido lugar para dizer dentro da ínfima mente de cada um, o quanto não me importo e tenho pena de seus próximos passos nessa caminhada.

Não entendam isso como pequena vingança ou atitude estapafúrdia da minha parte ou um recado singelo com palavras diferentes para atacar vocês e brilhar ainda mais.

Preferi não ser direta, aberta e agressiva, pois me disseram “é desvio de rota”. Esperei o tempo passar e a noite agradável da brisa perfeita surgir para sentir a carranca desconfigurar e qualquer outra máscara cair para saber que novas fantasias só serão usadas no carnaval.

O triste é saber que outros de vocês existem aos milhares pelo caminho, porém, espero conseguir me recompor mais rápido das próximas vezes.

Assim fica o aviso, caso vocês pareçam, colado na porta de entrada ‘Obrigada pelas memórias, mas bem vindos não sejam!’, no trivial para que entendam. Yeah, yeah.

domingo, setembro 12

Rugas

Ela é toda cristã, tem naquelas linhas de tempo, que se apelidam de rugas, a bela e a fera de sua vida, experiência e todo amor que escorre pelos cabelos brancos tingidos de loiro.

Naquele quarto de paredes rosa, elas ouviram e guardaram suas palavras de proteção, pedras no caminho e histórias sem fim. Porque era da sua voz que saia a força para não entregar seu coração.

E sua terceira geração sentada do outro lado, com o tremor das pálpebras, ouvindo o que nunca pensou que pudesse ouvir dela que esteve sempre distante no sul, no frio, no dezembro e janeiro.

Agora, esses olhos pseudomodernos guardaram aquele momento para sempre refletir e se perguntar qual caminho seguir?

quinta-feira, setembro 2

Pátria Amada

Gostaria de escrever-te em versos
Mas talvez a solução fosse gritar a plenos pulmões
Mostrar para sociedade que podemos fazer revoluções por minuto
Não deixar tudo na inércia como está
Lembrar do passado,
Quando lutávamos por independências
- que por mais fracassadas que tenham sido –
Tentaram chegar a algum lugar!
Hoje, nos vemos amarrados por uma corda invisível que nos colocamos,
Sentamos a bunda no sofá e vemos tudo acontecer na tela da televisão
Sem fazer nada!
Porque o que queremos é futebol, carnaval e maré alta
Mulata gostosa, cerveja gelada e vida alheia
Salário gordo do serviço público
Mil e uma bolsas como desculpa para a pobreza eminente!
Vivemos no nosso Brasil
E nos esquecemos que existem pessoas nas periferias e submundos desse país
Que ainda sonham, porque não há imposto sobre isso
Querem comida, educação e arte
Saída para qualquer parte
E uma dignidade dentro dessa sociedade passiva
Que volta a assistir a corrupção consolidar seus pilares em concreto
Com sentimento de falsa indignação
Ou o velho clichê de deixar tudo como está,
Porque a solução não há!
A verdade é que isso são apenas palavras
Que irão passar por vossos olhos e ouvidos
Como brisa morna da tarde de verão
Sem o menor resultado
Se daqui e do agora o nada continuar a ser feito
Por isso além de amor, tenha consciência e tente mudar
Não apenas apague a luz e vá dormir.

sábado, agosto 28

Breve

Eu prometo ser breve. Eu não vou tomar muito do seu tempo, que é um pouco precioso... Eu só queria dizer a você que, sim, eu senti saudades e reparei que você não veio me dar um abraço... O tempo passou e é como se realmente suas preocupações não fossem mais sentimentais, apenas materiais. E eu não gosto de pensar assim, afinal de contas nós temos um laço que nos mantêm unidos, porém com o passar do tempo ele vem se distanciando. Tanto eu como você temos culpa nesse problema mútuo. Você está deixando ir de acordo com a maré, cada vez mais longe e eu estou deixando escapar pelos dedos... Enfim, é isso.

segunda-feira, agosto 23

Trilha Sonora

Minhas pequenas personagens desapareceram então mandei meu narrador tirar férias para eu tentar lapidar as palavras de outra forma. A tarde é morna, não quero música alta, por isso o volume é mínimo e as unhas vermelhas estão se fazendo presentes a cada momento. As fotos que olham para mim congelam os mesmos sorrisos enquanto Bono me diz que perdeu algo, que me queria com ele para fazer certo e dar algumas voltas.

Essas voltas me tiram dos eixos. As coisas ao meu redor começam a passar como borrões coloridos, com atos vagos, cartas guardadas, emoções não vistas e convivência com pessoas e outros bichos. Uma voz no fundo vem me dizer para ter cuidado, pois há perigo na esquina...

Esquina da minha casa, da minha vida que irá me levar para algum lugar, trazer escolhas, monstros e paixões para me fazer abrir a porta e deixar tudo isso entrar e tentar permanecer para não mais voltar aqui no primeiro andar dessa rua central de quarto iluminado.

Fico me perguntando quando irei me sentir Nicky com um gato preto em baixo do casaco, ou se ficarei a espera de alguém me chamar de garota bonita para ficar com ele, ou se deixarei meninos escalarem as paredes, capturados por feitiços e falando minhas línguas.

Creio não ter o perfil de uma garota do verão como tanto canta Steven, prefiro ser baixinha com as mãos no bolso, livre e com alguns amigos a espera de primaveras fora de estações.

Por isso vou pensar com carinho quando me pedires para ver minha alma, vou catar moedas que encontrar pelo chão e no fim pedir ao que bate aqui dentro para não te amar mais que a mim.

domingo, agosto 15

Sem final...

Essa semana me contaram que nem o amor sabemos o que realmente é... Decidi fugir para viver essas aventuras, encher o baú de memórias e cultivar a vida no eterno palco, para transformar cada anônimo em espectador. Mas antes de fazer as malas e comprar a passagem eu me perguntei quantas vezes já não havia fugido sem nada e muitas vezes sem mim.

Foram fugas em livros, fugas em furtos e fugas de casa, que me deixaram nua, à exposição do mundo e mudanças de ideia. Que me transformaram em algo que atrai pessoas, que pula de precipícios para sentir a adrenalina e faz tudo virar contos de fadas.

quinta-feira, agosto 5

Posse

Ele resolvera voltar para o seu mundo, já estava cansado daquele cotidiano rápido e tecnológico, aonde as pessoas iam e vinham apressadas, esquecidas da subjetividade, com encontros noturnos intensos e de poucas horas de duração. Em que viam no álcool o caminho correto para sorrisos abertos, movimentos frenéticos e um suposto carisma, que com o tempo tornava-se insuportável.

Por trás dos óculos escuros, seus olhos vagavam pelas areias, céu, mar e chegavam onde ela estava guardada, segura e secreta de si mesma e dos outros que já tentaram roubá-la. Ele sabia de todo encanto que existia guardado naquela pele morena e não queria vê-lo solto por ai a mercê de outras mãos, carícias, desejos e olhares.

Ela era sua criação, sua maior obra-prima! Planejou cada detalhe inspirado no calor que saia dos poros e na vivacidade daquele olhar. À medida que delineava suas formas, encantava-se e queria para si, queria que fosse real, não um simples manuscrito. E aos seus olhos ele a viu sair do papel e com a mesma rapidez que foi criada, ela tornou-se independente. Aprendeu os passos e saiu do papel, para as ruas e calçadas a brincar e entregar-se a todos, menos a ele.

Não queria ser tocada por aquela figura, pois se assustava com seus gestos. Foi embora, perdeu-se, correu atrás do nada e foi encontrada por ele, que a levou de volta para as páginas, de onde nunca devia ter saído, assim dizia.

Lá dentro, toda rabiscada de tinta, a pele marcada por palavras, não viu seu dono fazer as malas e deixar os cômodos. Ficou na escuridão, entre as folhas, fraca e sem calor. Mal sabia que era assim que ele a queria, pois quando voltasse iria moldá-la de acordo com as suas linhas.

sábado, julho 3

Passos

O relógio marca mesma hora e minutos. O contador bate a ponta dos dedos na mesa, passa a mão nos vazios cabelos e mostra toda sua impaciência diante da caneta e dos papéis. Toda essa insatisfação vem da ausência de fantasias, que hoje a sua mente foi incapaz de fabricar. Mesmo com doses reforçadas de cafeína, ele não saiu do rabisco.

Em sua consciência ele quer escrever sobre caminhos; passos a dar em longos e diversos trajetos que a existência humana permitir. Mas como fazer isso sem a colaboração da peça principal que sempre o levou à maestria... Onde está sua inconsciência, companheira de madrugadas sem fim?

O contador vê então pela porta uma jovem silhueta de pele branca e cabelos negros, que prende toda a sua atenção no olhar. Ele observa atentamente, curioso, cada passo que é dado pelo quarto sujo e mal iluminado. A imagem e sensação de asco do ambiente, não conseguem ofuscar a nítida cor daquela carne que parece intocável.

Esse objeto de desejo vai mostrando, à medida que explora o lugar, sua infância debaixo de chuva, em alguma pensão do subúrbio da cidade. A adolescência que arrancava o juízo dos rapazes e a consciência dos mais velhos, que no início a assustava, mas com o tempo passou a dar-lhe brilho nos olhos e prazer em brincar.

O tempo foi passando e a brincadeira deixou de fazer sentido. Até que os seus pés encontraram outros pés e deixaram de ser só caminho, virou mãos e coração...

Porém como asas desenhadas, seus passos levaram-na para longe, em um lugar chamado Recomeçar. Ali, ela entrou e deixou para trás todas as fotografias, porque não queria sombras em seu caminho.

Desse modo, parou diante do contador e com os olhos mostrou todo o seu desejo a ser escrito. Assim, o contador de histórias pôs-se a escrever, fixado naquele olhar e no fundo temendo apaixonar-se por sua imaginação.

terça-feira, junho 29

Narrador

“Ela sente a minha presença a todo instante, imagina situações inusitadas sempre que o ócio permite. Não me persegue, mas acompanha meus passos com o olhar. Um olhar que ainda não consegui decifrar, mas é carregado de expressões que se modificam a cada instante.”

“Ele existe do outro lado do hall, mas esconde-se por trás de portas e cômodos que sei como são, mas no momento não imagino a disposição dos móveis. Ele é real, misterioso e no fundo deve me achar maluca por pequenas situações do dia-a-dia que nos pegam de surpresa e me matam de vergonha.”

Pensamentos assim fazem do pequeno narrador um manipulador de acontecimentos. Se suas personagens permitirem, ou não, ele vai dar caminho para que a cada passo as luzes se ascendam pelo chão, transformando o rumo da história.

Elas congelam no tempo e a figura de óculos, com cabelos desgrenhados, roupas amarrotadas e narigudo vai moldando as palavras em cima das linhas, com mãos ágeis e pensamentos efervescentes, onde os atos borbulham em seu caldeirão.

Assim ele e ela percorrem caminhos distintos, mas em certo ponto encontram-se numa sala iluminada somente por um abajur, que remete às paredes um tom alaranjado, na noite estrelada e com o tapete convidativo.

Os sofás brancos nos cantos, sem mesa de centro, televisão desligada e quadros abstratos pregados observam as cenas acontecerem, ao som da música solta pelo ar e as roucas vozes que saem aos sussurros. Os braços e pernas confundem-se com o tronco e outros membros; que são vencidos pelo cansaço e ganham o sono de brinde, após a intensa batalha.

Sono que será despertado pelo barulho da chave na fechadura, calor do sol e dores das marcas do tapete.

É dessa forma que o narrador vai embora, deixando seus personagens perdidos, à mercê dos acontecimentos do ontem e aflitos com o que pode vir a acontecer agora. Mas nunca se sabe o que pode mudar, porque isso foi apenas um rascunho mal feito onde todas as ações ficaram presas naquelas paredes e nos olhos da sua memória fotográfica.

quarta-feira, junho 16

Anjos

Sorri com ternura ao encontrá-lo, ele segurou minha mão e me conduziu por um caminho de terra, com flores e altas árvores pelas margens. Fui sentindo a brisa morna afagar os meus curtos cabelos e com ela um perfume doce, mas discreto que vinha dele.

Junto a ele eu sentia tranquilidade, as minhas preocupações não tinham motivos para se fazerem necessárias, porque no meu íntimo eu sabia que as soluções seriam encontradas. Assim como, eu desejava somente continuar a caminhada, mesmo sem trocar uma palavra. Gostava daqueles encontros e a minha missão era aproveitar ao máximo cada instante, pois tudo seria apagado da memória e só as nuvens no céu iriam guardar os segredos.

Aos poucos eu fui sentindo a sua ternura passar por entre os dedos; toda a proteção que nele havia foi se tornando consciente quando aqueles olhos de amêndoas penetraram fundo o meu rosto e eu pude sentir o bem que havia ali e que continuaria a me guiar pelos pés, como asas, sempre que eu quisesse me perder.

Naquele momento o que me prendia eram as palavras que saiam como sussurro da sua boca. Palavras que iam direto para uma caixinha guardada no subconsciente e que seria aberta quando necessário como uma forma de encontrar a luz no fim do túnel toda vez que eu insistisse em me perder.

Continuamos a caminhar pela estrada deserta e aos poucos fui sentindo o cansaço, até que ele parou me pegou no colo e continuou. No meu ouvido eu sentia a paz entrar como canção de ninar e ele sorria para mim dizendo: “Descanse pequena, eu te levarei.”

E foi assim, em seu abraço cheio de segurança até o fim da estrada... Então ele entrou pelo quarto e com cuidado me colocou na cama e num último instante abri os olhos e pude vê-lo partir. Sorri lentamente e voltei a dormir.

Porque eles são assim, sempre anjos, que vão e vêm sempre a postos para nos guiar.

domingo, junho 6

Ontem

Na noite anterior não havia nada programado. O autor do roteiro resolveu deixar as linhas em branco para que suas personagens pudessem guiar a trama madrugada a fora. Ele largou a caneta em cima da mesa, deixou as páginas na desordem, tirou os óculos e tentou esconder dos olhos o cansaço de muitos dias regrados a imaginação. Deitou-se na cama e esqueceu o mundo ao seu redor.

Enquanto isso, a pequena moça seguia seu caminho pela festa apinhada de gente. Havia mil e uma luzes em cor, muitos desconhecidos e uma brisa fria que aos poucos gelava suas mãos. A música tocava o ar e no meio da multidão dançante um rapaz a tirou para dançar. Mesmo com a manemolência dos seus passos, o bonito rapaz insistia em rodar pelo chão com as mãos na sua cintura no ritmo da música.

Ele ia e voltava e no meio de tanta gente eles se encontravam e trocavam algumas palavras. Mas sem querer beijou o amigo do desconhecido no rosto e resolveu desaparecer. Andou muito, dançou com segundos e fez calos nos pés.

Sentou-se para sentir o frio da madrugada e observar as pessoas bêbadas a passos trôpegos que sorriam e cantavam na felicidade infinita.

Até que o forasteiro sentou-se ao seu lado e sem constrangimento algum começou a conversar. Foi um papo gostoso, com sorrisos leves e divertidos. Tudo o que contou, fosse verdade ou não, parecia sincero. No entanto a timidez chegou e permitiu uma única lembrança antes do fim da noite.

E ficou como lembrança doce, que a pequena moça guardou com carinho para fantasiar depois outros encontros nas noites antes de dormir.

No outro dia ela voltou até lá; encontrou rostos conhecidos mas não do bonito rapaz. Ficou então a observar cada passo que a escada recebia, enquanto a música tocava a todo volume e as pessoas mexiam seus corpos no mesmo embalo. Os seus olhos percorreram o ambiente à procura, na esperança que o forasteiro aparecesse, antes da volta do autor, para fazê-la sorrir como na noite anterior.

sexta-feira, junho 4

Instruções

Você lembrar a mim a cor dos meus olhos, dizer que o meu perfume te inebria, que no fundo o meu rosto apresenta um aspecto angelical, não me acrescenta em virtudes, apenas alimenta a minha vaidade que caminha junto com o meu ego. Porque no fundo, também há a timidez que não sabe o que dizer, apenas baixa os olhos e sorri tentando formular respostas que nunca são ditas.

Venha até mim, troque frases não palavras soltas que perdem a consistência assim que saem da sua boca. Porque por mais que seja perda de tempo eu vou querer tentar te descobrir, conhecer e formular opiniões mirabolantes. Quero encontrar em você aspectos comuns aos meus, que façam por instantes meus olhos brilharem por gostar do que estou descobrindo.

A partir do momento em que tudo fluir naturalmente, você verá que para um beijo acontecer, são poucos passos, porque estaremos no mesmo ritmo, não será caminho perdido, mas sim, lembranças boas de algum lugar na Terra.

E ainda assim não vou querer saber o que em mim te encanta. Prefiro apenas que guarde suas opiniões e comente a outros que desconheço.

sábado, maio 29

Pouco a pouco

Observo você do outro lado da sala ao mesmo tempo em que tento disfarçar os rápidos olhares. Você é, a mim, muito interessante; com todo esse jeito xis, que já me disseram jamais tentar compreender, os meus olhos viram e reviram e a minha mente questiona cada movimento.

Consigo sentir aos poucos sua aproximação. Mas não creio que seu interesse vai além de assuntos burocráticos e casuais. Porque tenho sérios problemas em ver de forma otimista o meu presente e o meu futuro, mesmo torcendo no fundo para dar certo...

Você chega aos poucos e tenta aos poucos, mesmo com atitudes insanas e eu continuo na divergência de ideias, escrevendo coisas confusas e que assumem pouco sentido diante dos olhos de segundos, terceiros, quartos...

Um quarto da hora passa e você senta-se ao meu lado. Instintivamente vejo que a sala não diminui, que não me falta ar nos pulmões e que o pulso continua no mesmo ritmo. Assim consigo olhar nos seus olhos, mas acabo desviando para as suas mãos, que me prendem a atenção.

Mas isso não vem ao caso, porque o assunto termina, eu continuo normal e lá dentro algo sorri bem íntimo e começa a acreditar que tudo pode mudar desde que eu não feche a porta mais uma vez.

Então, a resposta vem me dizer que o tempo vai chegar junto com você, pelo mesmo caminho.

domingo, maio 23

Devaneios

Há muito tempo eu tenho adiado voltar para essas páginas. Por uma série de acontecimentos, acabei distante e sem imaginação para ver palavras fluindo da ponta do lápis como nas semanas anteriores.

A manhã está geladinha e a rua silenciosa; vejo meias embaixo da cama, copos de água espalhados pelos cantos, livros pelo chão e eu aqui sentada, vendo o céu azul e sem nuvens pela janela.

Os fatos que me mantiveram afastada insistem em voltar para ocupar minha cabeça, que até o momento vivia do ócio. Conclui que tudo será resolvido com o tempo, pois soluções imediatas são para o caos e no momento a minha vida anda tão normal quanto à do senhor da banca que trocou figurinhas comigo semana passada.

Decido deixar a mente vagar silenciosa e ela tropeça em você... Nada mais irônico ou casual! Diante de uma infinidade de medos em incertezas quanto ao futuro, eu acabo sempre chegando a você com o meu passado na bagagem! Quanto egoísmo da sua parte, fazer-se sempre presente nos meus devaneios!

Confesso que me sinto irritada com essa simples presença. Você toma todos os espaços, mexe nos lugares mais íntimos e acompanha cada detalhe de cenas que eu escondo até de mim. Você me leva até o espelho, faz insinuações com os olhos e coloca palavras na minha boca, apontando todos os erros.

‘Sai daqui!’ Ouço a voz rouca sair dos meus lábios, enquanto as lágrimas correm soltas pela face, sinto os arrepios e começo a reviver todas as cenas, pausadamente... Quando dou por mim, continuo a fitar o espelho, com os olhos inchados, na esperança de que você desapareça e leve junto aquilo que me aflige.

Mas não, você volta, sempre volta, porque gosta e não abre mão de se divertir.

quarta-feira, maio 5

Alguém

Na verdade eu acordei de repente e estava deitada no sofá com as luzes apagadas e de jeans. Consegui ir para cama e cai novamente em sono profundo. Quando me dei conta a movimentação era intensa, os convidados já estavam chegando, decoração, música e ambiente perfeitos, apenas a minha espera.

O vestido estava lá, em algum lugar, pronto para ser usado. Porém, dentro do meu peito a inquietação crescia, junto a palpitações que não sessavam... Eu não queria aquilo! E se não desse certo? Eu nunca havia beijado-o! Como poderia ter certeza daquilo que estava fazendo se ainda não havia decidido o que fazer para o resto da minha vida? Comecei a sentir que ali não era o meu lugar, mas que ainda assim precisava estar ali... Minhas mãos suavam, as lágrimas tomavam conta, mas não ousavam cair e eu aflita ainda olhava para a janela, alternando os passos entre a porta, no carpete macio cor de creme.

Ela entrou pela porta, com um sorriso de excitação desejou-me um maravilhoso dia. Contou-me que a tarde estava linda e que o crepúsculo prometia ser encantador e conduziu-me por aquele monstruoso quarto. Como se a minha aflição não tivesse importância, meu cabelo foi moldado e o rosto recebeu a mais fina arte. O roupão foi deixado ao chão sem o menor pudor e aquele tecido branco evolveu cada centímetro.

Abri meus olhos e as pessoas sorriam, contavam casos engraçados, me abraçavam e eu bebia. Olhava para os lados e reconhecia os rostos mas não o encontrava. A música estava alta e entrava em conflito com milhares de vozes que disputavam o ambiente, até que tudo escureceu....
Minha visão foi bloqueada por duas mãos que logo reconheci serem suas. Apertei – as com força e sorri. Não senti o seu perfume, mas você me abraçou por trás e disse em baixo tom o tamanho da sua felicidade e do seu gostar. Você me abraçou novamente com muita força e eu tornei a fechar os olhos.

Quando abri, já era dia, a janela estava fechada e eu continuava de jeans, porém o calor do seu abraço ainda continuava nas minhas costas e o seu rosto não estava na memória porque não te vi.

segunda-feira, maio 3

All my loving

Eu quero te encontrar nas esquinas, perdido em um beco, no lugar escuro, fechado e cheio de gente. Espero sentir você dentro de mim como semente, desejo e sexo. Cuidar, saber onde está e se possível carregar no bolso para que você não possa fugir. Cometer erros, me passar por pecado, ser visto como louco e ter a sua mão na minha, nas costas, na nuca, desejo.

Inspirar-me em clichês, traduzir sentimentos em rosas e ver nos seus olhos verdades não ditas. Crer na sua companhia algo maior que a carne, que reflete conselhos, experiências e aventuras secretas inacessíveis aos terceiros do nosso mundo.

Ao ver você sair de mim e me sentir imponente. Porém, saber que esse grão é frágil e eu muito maior talvez não possa proteger por todo o caminho recente que vai começar a traçar. Conhecer suas mentiras, ter sonhos bons e ver você partir, mesmo não querendo que vá e sabendo que será importante.

Ainda tento te encontrar de boca em boca ou sozinha no bar. Sentir-me criança para imaginar você romper pela porta, me tomar pela cintura, olhar no fundo dos meus olhos e ter apenas o luar como cúmplice.

No fim, eu tento encontrar a definição exata. Apego-me a frases feitas e descubro que é tudo abstrato. Não há caminho certo e as falhas tentam torná-lo perfeito e inexplicável.

quarta-feira, abril 28

Espelho


Às vezes quando me olho no espelho, ou simplesmente observo o céu através da janela, minha mente viaja, ideias surgem a todo o momento e desaparecem como fumaça, as lembranças tomam conta e trazem sentimentos guardados na incoerência, que faz surgir lágrimas e risos. Até o vento frio me envolve da raiz à ponta dos pés, numa mescla de desejo e abandono.
Isso me leva a imaginar mais e ao mesmo tempo em que penso sobre rosas, chego à conclusão que existem espinhos, que são difíceis de evitar ou tirar da palma da mão. Mas não esqueço de suas cores vibrantes ou não, que sempre trazem algum significado.
Significados que tento encontrar nos sonhos, para justificar a inocência do meu ser, a cada dia em transformação. As dúvidas crescem, a mente fervilha, os hormônios atiçam e a falsa razão faz-nos crer sermos sua dona! Porém, com o tempo e sem vergonha, vamos despindo as máscaras e a metamorfose entra em seu ciclo lento, mas gradativo, até o fim dos tempos.
De repente, os sons se tornam existentes, tudo sai do preto e branco e se torna fixo. Vejo meu reflexo ,observo o céu negro e sem estrelas, sinto as pálpebras pesarem e resolvo dormir, um sono pesado e sem sonhos conscientes.

domingo, abril 18

Atração

Eu gostaria de contar a você coisas que jamais pensou em ouvir. Não são fofocas do dia-a-dia, nem lamentações de uma adolescente em crise, ou palavras de um futuro bom, muito menos declarações platônicas embasadas em clichês.
Na verdade, gostaria de conseguir chegar até você sem saber que fico vermelha, que tento arrumar esse cabelo volumoso de forma indefinida, passando a mão mais do que necessário; que o meu olhar desvia do seu rosto sempre que quero focalizá-lo e que as minhas mãos ganham vida e se movem freneticamente.
Vejo você sempre do outro lado do corredor, apenas observando. Tudo o que passa pela minha cabeça são pensamentos indefinidos, porque não o conheço, não sei quem de verdade é você, só sei que isso me atrai...
O que eu tenho para te contar são coisas normais, apenas para iniciarmos uma conversa. Mostrar a você, com toda sinceridade, quem sou eu e descobrir se o que você é, realmente é aquilo que eu ando imaginando.
Talvez valha a pena, talvez não. Crio mil e um empecilhos e a coragem nunca vem. Você continua do outro lado do corredor e eu aqui imaginando o que você acha de mim. Lembro-me de acontecimentos passados, que eu sei que tomou conhecimento, e me pergunto o que você pensa sobre isso...
Fico mais uma vez esperando coragem. Ela vem tímida, aos poucos, mas me dando indícios de que irá chegar, tocar a campainha e eu toda feliz e saltitante irei abrir a porta com um sorriso no rosto. Vou mandá-la entrar e pedir para que se sinta em casa, enquanto eu explico a situação, porque você ainda me atrai.

sexta-feira, abril 16

Exageros

Vejo as coisas ao meu redor e nada se encaixa nos momentos de ociosidade. Os números, os cálculos estequiométricos e a gramática não parecem fazer sentido. A concentração some e fico aqui a olhar o teto tentando desvendar algum mistério inexistente.
Chego à sacada ao entardecer, vejo as pessoas voltando para casa com suas mentes ocupadas, outras enamoradas correndo para curtir o pôr-do-sol à beira da praia e o mar ali, sereno, indo e voltando, levando embora as marcas na areia, sempre no mesmo movimento.
Volto para o meu quarto, sento em frente ao computador e ainda assim não consigo me achar. A inspiração me falta, vejo as marcas de dedos no espelho e chego à conclusão que o mundo irá acabar! Exageros a parte, concluo também que do futuro nada me espero, que serei mais uma no mundo e o dever pode ficar para amanhã.
Simplesmente desisto! Mas só por hoje, porque amanhã é um novo dia, de novas ideias. Enquanto ele não chega, eu volto para o mar e peço a ele que me leve junto para descobrir os horizontes.

segunda-feira, abril 5

Silêncios


Não há barulho, não há ninguém na rua. O caminho segue ladeira a baixo, a única coisa que sinto é o requebrar dos quadris e o vento que molda o vestido no meu corpo e tenta me impulsionar para trás, para o começo da estrada. Nada disso é forte o bastante para me fazer voltar, nem as lembranças... Só o que me mantêm é o fim da estrada, um ponto azul que se estende pelo horizonte de forma abstrata.
O que mais incomoda é a ausência de movimento, sons e corpos físicos; descer por esse caminho de pedras, a observar os casarões antigos, todos com portas e janelas fechadas, vivendo sós para si. Se pudesse atender um desejo, seria talvez o direito a realizar três pedidos – um pouco surreal, eu sei, mas podemos não estar no mundo real. A começar pelos sons, além da voz em minha mente, quero uma trilha sonora, que me balance, preencha os vazios que os objetos são incapazes de ocupar, que abra as portas e janelas e que seja o ritmo da descida a cada batida.
Desejo também humanos, cabeça, tronco e membros, com pele, calor, sentido e expressões. Que me peguem pela mão e me leve junto com eles para qualquer sentido, seguindo o ritmo ditado pela música. Quero que abusem dos meus pés e da minha cintura com a dança que jamais pensei em fazer. Sentir-me cansada, mas leve, como se não estivesse no chão e por alguns momentos talvez tonta, suada e com os pés doendo.
Além disso, desejo também algo que ainda não sei, pois me falta inspiração e criatividade. Poderia desejar que se fosse sonho, que nunca acabe, para que eu possa ficar aqui livre do mundo real. Mas se não, prefiro pensar mais um pouco e quando descobrir, eu venho te contar.

segunda-feira, março 29

Clichês


Meu coração dispara, minha respiração segue em descompasso, o tempo para e meus olhos só vêem você. De repente o toque dos seus dedos deixa marcas, sinto os poros se abrindo para deixar seu perfume entrar e invadir o restante dos meus sentidos. E quando nossos lábios se encontram, o momento vira música, as estrelas caem do céu e deixa a lua, soberana, iluminar nosso amor, que se torna dançante e infinito.
Nesse mesmo ritmo os dias passam, com tardes regradas a chocolates e morangos, noites doces e gentis, que esperam pacientes a minha deixa para os acontecimentos seguintes. E não penso nos desejos que querem você dentro de mim, sigo apenas o coração que me diz que é amor. Não ligo para súplicas carnais, esperando por seus dentes descendo pelo rosto, ao mesmo tempo em que sinto seus dedos dentro de mim.
Não creio que nossos atos sejam pecados, apenas amor. A cada breve instante que estamos juntos sinto suas mãos percorrerem o meu corpo com vontade, já conhecendo o caminho, mas deixando a cada toque novas sensações. E as minhas mãos se tornam experientes e ágeis para encontrar a felicidade que me faz tremer e queimar.
Porém você foi embora. Não atendeu aos meus chamados e nem voltou a me procurar. Fico sentada a sua espera, mas se torna em vão. Enquanto isso o buraco se torna mais fundo, o meu coração se quebra em mil pedaços, não consigo ver o meu reflexo no espelho, meu corpo dói e minha garganta seca, pedindo você. Ainda assim não vejo você pela porta, me pedindo de joelhos para voltar, dizendo que sente saudades e que precisa de mim.
Não consigo acreditar que o tempo não irá voltar. Passo os dias na literal escuridão, fugindo de mim, derramando lágrimas pelos lençóis e sem forças para afugentar medos e vergonhas, que aparecem a todo instante me fazendo sentir culpada e suja por tudo o que passou.
Até que as lágrimas secam, os monstros desaparecem e eu abro as cortinas deixando o sol entrar para iluminar a minha cabeça e o meu caminho.

sexta-feira, março 12

Meu ideal seria escrever...

Meu ideal seria escrever historias de todos os tipos, todas as cores e todas as situações. Que por onde quer que elas passassem deixariam uma lembrança, algo novo e inusitado. As pessoas que as lessem, seriam pessoas bonitas, feias, ricas, pobres, enfim, seres humanos iguais em algum lugar, e diferentes nos seus sentimentos, pois o objetivo das minhas historias, seria alcançar o coração, no sentimento mais intimo.
Sentimentos que trouxessem reações aos olhos, aos abraços, ao riso, a boca... e que por um tempo, essa chama não se apagasse, pois seria um sinal de que estariam vivos e amando. Pois o amor, na sua forma correta, é um sentimento puro, bonito, sincero e profundo. Que nos leva a reações impensadas e inexplicáveis.
Essas historias, atravessariam os sete mares, os continentes, as culturas e as indiferenças. Pois o amor contido nelas, não seria apenas de dois amantes, ou entre pais e filhos ou amigos, seria também um amor solidário, apaziguador e coerente. Que por um tempo, mais uma vez, levaria as pessoas a pensar nas guerras, na fome e na miséria. Com esse amor, os povos se uniriam em uma só nação para se ajudarem mutuamente e evoluiriam a fim de transformar.
Enfim, eu teria uma recompensa por fazer o bem apenas com palavras. Veria a paz mundial se formar diante dos meus olhos, como uma miss espera tanto a coroa e ao fim, me perguntaria se não foi utópico demais.

segunda-feira, março 8

Verdades

O sono não vinha. Os acontecimentos daquela tarde se repetiam em sua mente, sem o benefício da pausa. Ela tinha escolhas a fazer, caminhos a seguir e encontrava-se perdida. Aquelas frases continuavam a ecoar sem fim, “você precisa se decidir... terá que contar com alguém que possa te ajudar... ele não irá tomar iniciativa, até que você faça alguma coisa... você tem pouco tempo”. Ela fechava os olhos com força, mas nada removia aquilo da sua cabeça. Então, voltava a contemplar o teto escuro e silencioso.
A verdade é que ela não queria admitir que ele não houvesse mudado, mesmo depois desses anos que ela teve que tomar medidas graves e de sérias consequências. Que até hoje mantêm quase palpável as cicatrizes emocionais. Ter que aceitar que velhos hábitos nunca mudam, a deixam aflita, pois ver os defeitos dele torna os seus nítidos também, saber que na decisão de pequenas coisas ela vê partes dele.
Ela teme o próprio medo, um dia lhe disseram. Não quis acreditar, soltou um riso sarcástico e mudou o tom da conversa. Mas agora, naquele instante não havia para quem representar, mostrar-se auto suficiente, confiante, dona de uma opinião inabalável e uma inteligência que há muitos surpreendia. As lágrimas brotaram em seus olhos, mas não de pena ou dor, sentia-se anestesiada, apenas tomava consciência, talvez, do que ela se fazia passar para não se mostrar.
Porém o momento de auto punição acabara. Enxugou as lágrimas com as mãos e decidiu que tinha coisas a fazer. Mas antes que pudesse tomar nota de qualquer ideia, o sono chegou, para deixá-la escapar mais uma vez da escolha de seus caminhos.

sexta-feira, março 5

Fascínio

Eu fechei o livro e fiquei a imaginar o que poderia acontecer se ele não tivesse fim, ou se a história poderia continuar a acontecer até que eu pudesse participar também. Depois de ler, reler e tornar a ler mais uma vez, naquela noite eu me perguntei, sem a esperança de obter resposta, qual era o poder que aquelas mágicas palavras tinham sobre mim. Qual seria o motivo de perder meu tempo devorando uma história como se fosse a primeira vez.
Realmente, lembro-me da primeira vez em que isso aconteceu. O desconhecido era tão misterioso, eu queria fugir do meu mundo e acordar no dia seguinte vendo a neve pela janela, tomar suco de abóbora, vasculhar cada centímetro do castelo e ter a magia ao meu lado. Porém o encanto não era suficiente para que tudo aquilo que eu lia se tornasse realidade. Eu continuava sob a luz do abajur refazendo as cenas na minha cabeça.
O tempo foi passando e muito do que aconteceu comigo, foi reflexo de um encanto guardado na memória de uma criança, no comando de um ser em constante transformação. O que ainda surpreende são os risos deixados por mim pelas páginas, as lágrimas às vezes derramadas por mesmas linhas e as emoções a flor da pele em cada ponto. Assim como as amizades feitas e as lições de uma lealdade, inteligência e coragem que fascina a quem consegue entender. Muitas vezes, até sonhos foram o suficiente para deixar lembrança e me avisar que estou no mundo real, que a magia absorta de mistérios está apenas entre capas, mas não deixa de ser importante para quando eu quiser voltar lá e viver tudo outra vez.