terça-feira, novembro 30

Romances

Então a fórmula é esta?! Um belo par de olhos, corpo atlético, com o passado errado, cheio de tropeços, mas que no presente desperta as fantasias e o desejo incontrolável daquela que sumiu por anos, mas voltou esbelta, cheirando à rosa e jasmim, com vários fantasmas e alguns assuntos inacabados do passado que permaneceram fiéis ao seu retorno para serem resolvidos.

Geralmente, este é o contexto. Possui sempre açúcar, adoçante e mel. Faz-nos ler cada página, atiçando a imaginação, para no final ficar os sonhos, com o olhar vago pela janela remontando as cenas e sentindo todas as emoções. Cansei-me deles!

Eu me pergunto por que ser assim? Para que permitir que isso influencie e deixe conduzir os planejamentos futuros pelo caminho errôneo do romance? Por que se precisa deles para tentar crer que tudo vai acabar bem e aquele marido, com a vida cheia de aventuras e no final uma linda família será encontrada.

Oh mundo cruel dos livros, que nos leva para toda a imensidão sem fim, que muitas vezes se inspira no real para ser montado - mas não é o real. E ainda assim nos fascina... Não é necessário mais um bombardeio de coisas mundanas na nossa rotina durante a leitura como prazer, por isso se perder nos romances da banca, ou nos consagrados, nas ficções que colocam a prova o nosso poder de imaginar, ou nos históricos para voltar ao passado são sempre retirados das prateleiras das livrarias.

É certo que talvez seja um pouco radical, visto que no momento as coisas andam confusas por aqui; no entanto, os romances e suas fórmulas que levam sempre para o mesmo caminho têm me cansado. Vou procurar outras fantasias.

segunda-feira, novembro 29

Pedido

Peço a você que não se aproxime! Não por não gostar de você, mas por não querer sentir os seus sentimentos chegando até mim. Compreendes? Eu acho que não... Trocando em miúdos, tenho medo do que posso me permitir sentir com você por perto, pois creio perder meu autocontrole e cair em um abismo sem fim de sentimentos inacabados. É por isso que peço a você para não manter contato, apenas me deixe refletir e me permitir aceitar a sua presença, do contrário eu sei que vou fugir e guardar todas as angústias em uma caixa, pois acredite, é isso que venho fazendo há um bom tempo.

terça-feira, novembro 16

Bebida

É melhor eu aproveitar esse momento incrustado dentro das traduções e entrelinhas musicais para tirar mais um sonho da cartola. Ele vem sem a minha permissão, me assusta e me diverte... Depois vai embora e deixa alguns rastros para que eu saia por ai a catá-los pelo chão.

Nada teria acontecido se ela não tivesse aceitado o seu convite de gastar a noite de sábado no seu apartamento, com alguns amigos e bebida barata. Foi um convite bem vindo dentro da vida noturna da capital quando se torna entediante com pouco dinheiro e a mesma rotina vivida por semanas.

Desde a última vez que prestou atenção nos detalhes, havia se passado muito tempo, por isso, a conversa com o espelho foi inevitável, assim como caras e bocas e diálogos montados.

Partiu de táxi com as garrafas debaixo do braço e chegando lá conheceu o pessoal, se enturmou no meio da conversa, debateu vários assuntos e inúmeros brindes insanos saíram entoados por risadas soltas até altas horas.

No fim, restaram apenas os dois e a bagunça de copos e restos de petiscos. Sentaram-se no sofá e lá continuaram a conversar inutilidades com mais gargalhadas até decidirem arrumar a bagunça.

O equilíbrio tornou-se privilégio dentro daquele apartamento minúsculo e não demoraram muito a se esbarrar. E no meio de todos aqueles anos de convivência, em que nada havia transparecido, algo falou mais rápido e ela sentiu a parede nas suas costas, os cabelos puxados e o beijo intenso, que ela tentava retribuir de diferentes maneiras.

Quando finalmente recobraram o fôlego eles se entreolharam e ela decidiu ir embora. Chamou o táxi e foi esperar na portaria. Enquanto isso, ambos se perguntavam o que havia acontecido e ela não sabia responder se a culpa fora do álcool, do seu estado de carência ou se aquilo fora uma vontade que há muito tempo estava guardada. Porém, nenhuma resposta parecia ser suficiente ou necessariamente correta, a única coisa que ela sabia era que queria experimentar mais uma vez.

segunda-feira, novembro 1

Negativas

E agora o que é que vai ser? Vamos fingir o que não somos. Posaremos para fotos em colunas sociais, na tentativa de sermos modelos para aqueles que nos admiram sem qualquer real fundamento. Cultivaremos os rancores entre nós, no entanto, quando nos reunirmos vamos acreditar que nada acontece, para que possamos gozar da mais plena felicidade.

Dessa forma congelamos sorrisos, nos trancamos nos infinitos quartos dessa casa e amaldiçoamos as várias gerações, olhamos com inveja e nos vestimos da mais bela forma, para atrairmos os olhares de cobiça, pois além de acabarmo-nos entre si, queremos a outra parte, que causa delírio e fantasias.

Por trás de tantas máscaras, há sempre aquela alma que nos pede para conciliar e seguirmos por caminhos verdadeiros; contudo, ela se esquece que é igual a nós e compartilha dos mesmos atos e sentimentos frívolos.

Por isso continue a viver, regue tuas plantas e aproveite do sexo, que mais tarde, daqui alguns anos, a gente se encontra e apara as arestas, se nossas falsidade e covardia permitirem.