segunda-feira, agosto 23

Trilha Sonora

Minhas pequenas personagens desapareceram então mandei meu narrador tirar férias para eu tentar lapidar as palavras de outra forma. A tarde é morna, não quero música alta, por isso o volume é mínimo e as unhas vermelhas estão se fazendo presentes a cada momento. As fotos que olham para mim congelam os mesmos sorrisos enquanto Bono me diz que perdeu algo, que me queria com ele para fazer certo e dar algumas voltas.

Essas voltas me tiram dos eixos. As coisas ao meu redor começam a passar como borrões coloridos, com atos vagos, cartas guardadas, emoções não vistas e convivência com pessoas e outros bichos. Uma voz no fundo vem me dizer para ter cuidado, pois há perigo na esquina...

Esquina da minha casa, da minha vida que irá me levar para algum lugar, trazer escolhas, monstros e paixões para me fazer abrir a porta e deixar tudo isso entrar e tentar permanecer para não mais voltar aqui no primeiro andar dessa rua central de quarto iluminado.

Fico me perguntando quando irei me sentir Nicky com um gato preto em baixo do casaco, ou se ficarei a espera de alguém me chamar de garota bonita para ficar com ele, ou se deixarei meninos escalarem as paredes, capturados por feitiços e falando minhas línguas.

Creio não ter o perfil de uma garota do verão como tanto canta Steven, prefiro ser baixinha com as mãos no bolso, livre e com alguns amigos a espera de primaveras fora de estações.

Por isso vou pensar com carinho quando me pedires para ver minha alma, vou catar moedas que encontrar pelo chão e no fim pedir ao que bate aqui dentro para não te amar mais que a mim.

3 comentários:

  1. parabens marina, muito legal o texto, gostei de verdade

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  2. O meio só te conhece, até o ponto que você se mostrou a ele. Pouco, muito, ou simplesmente nada, Seja como for, os limites quem estabelece é você, e ainda, quem compensa saber a fronteira de cada um deles.

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