quarta-feira, setembro 22

Entrelinhas

Quero afastar de mim todos os bichos ocultos que vocês colocaram nas minhas costas para assombrar os meus pensamentos. Quero mantê-los no devido lugar para dizer dentro da ínfima mente de cada um, o quanto não me importo e tenho pena de seus próximos passos nessa caminhada.

Não entendam isso como pequena vingança ou atitude estapafúrdia da minha parte ou um recado singelo com palavras diferentes para atacar vocês e brilhar ainda mais.

Preferi não ser direta, aberta e agressiva, pois me disseram “é desvio de rota”. Esperei o tempo passar e a noite agradável da brisa perfeita surgir para sentir a carranca desconfigurar e qualquer outra máscara cair para saber que novas fantasias só serão usadas no carnaval.

O triste é saber que outros de vocês existem aos milhares pelo caminho, porém, espero conseguir me recompor mais rápido das próximas vezes.

Assim fica o aviso, caso vocês pareçam, colado na porta de entrada ‘Obrigada pelas memórias, mas bem vindos não sejam!’, no trivial para que entendam. Yeah, yeah.

domingo, setembro 12

Rugas

Ela é toda cristã, tem naquelas linhas de tempo, que se apelidam de rugas, a bela e a fera de sua vida, experiência e todo amor que escorre pelos cabelos brancos tingidos de loiro.

Naquele quarto de paredes rosa, elas ouviram e guardaram suas palavras de proteção, pedras no caminho e histórias sem fim. Porque era da sua voz que saia a força para não entregar seu coração.

E sua terceira geração sentada do outro lado, com o tremor das pálpebras, ouvindo o que nunca pensou que pudesse ouvir dela que esteve sempre distante no sul, no frio, no dezembro e janeiro.

Agora, esses olhos pseudomodernos guardaram aquele momento para sempre refletir e se perguntar qual caminho seguir?

quinta-feira, setembro 2

Pátria Amada

Gostaria de escrever-te em versos
Mas talvez a solução fosse gritar a plenos pulmões
Mostrar para sociedade que podemos fazer revoluções por minuto
Não deixar tudo na inércia como está
Lembrar do passado,
Quando lutávamos por independências
- que por mais fracassadas que tenham sido –
Tentaram chegar a algum lugar!
Hoje, nos vemos amarrados por uma corda invisível que nos colocamos,
Sentamos a bunda no sofá e vemos tudo acontecer na tela da televisão
Sem fazer nada!
Porque o que queremos é futebol, carnaval e maré alta
Mulata gostosa, cerveja gelada e vida alheia
Salário gordo do serviço público
Mil e uma bolsas como desculpa para a pobreza eminente!
Vivemos no nosso Brasil
E nos esquecemos que existem pessoas nas periferias e submundos desse país
Que ainda sonham, porque não há imposto sobre isso
Querem comida, educação e arte
Saída para qualquer parte
E uma dignidade dentro dessa sociedade passiva
Que volta a assistir a corrupção consolidar seus pilares em concreto
Com sentimento de falsa indignação
Ou o velho clichê de deixar tudo como está,
Porque a solução não há!
A verdade é que isso são apenas palavras
Que irão passar por vossos olhos e ouvidos
Como brisa morna da tarde de verão
Sem o menor resultado
Se daqui e do agora o nada continuar a ser feito
Por isso além de amor, tenha consciência e tente mudar
Não apenas apague a luz e vá dormir.