segunda-feira, março 28

Querer

“O que eu quero tem sabor sortido, é tudo e nada ao mesmo tempo. São coisas subjetivas, jogadas ao vento e que traçam meus planos para um futuro que nem sei se estarei.”

     Ainda me pergunto, por que dessa mania de falar de algo que ainda não existe? Por que – com acento ou não, sempre me perco – sonhar durante todo o verão com o outono e o inverno, ou no inverno planejar os momentos primaveris? Por que ter esse lado imaginativo, que me deixa confusa, me faz pensar nas mil e uma probabilidades de algo acontecer e no fim continuar na estaca zero, por medo de agir? Por que ser tão idealista? Por que ser tão ingênua e boazinha, acreditando nas palavras que me dizem?
     Ah garota, quantas perguntas! As respostas você só vai encontrar com o tempo, porque agora, o momento é de dúvidas e transformações. Parece conversa com o horóscopo, mas no final das contas é sempre a mesma fórmula, que leva a diferentes resultados. Após deixar as coisas acontecerem é que você saberá o quanto tudo mudou e as escolhas certas fizeram parte do seu crescimento.
     Eu sei... Não tenho medo de envelhecer, quero sim chegar a certa idade que terei minhas verdades quase incontestáveis, que só serão mudadas após sérias comprovações do contrário. No entanto, hoje e agora, quero tudo ao mesmo tempo! Abraçar o mundo e me perder lá dentro. E não me olhe assim! Você sabe que isso tudo é resultado desses hormônios saltitantes que acompanham essa metamorfose.
     Saiba pequena, que quando você encontrar o que quer, vai transformar o seu mundo em passarelas de concreto para alcançar esse desejo. No mais, agora, eu diga a você para aproveitar todas estas dúvidas, porque são momentos que testam a nossa capacidade de ir além de nós mesmo para nos encontrarmos. Porém, se algo der errado, tenha paciência, porque nada é perfeito!

quarta-feira, março 9

Créditos

     Nando Reis cantou no meu media player show particular que “é bom olhar pra trás e admirar a vida que soubemos fazer”. Faz um ano que esse blog existe e preciso dar os créditos a várias pessoas que estiveram como assistentes de palco para não deixar o texto cair.
     A ideia inicial era declamar todas as minhas emoções às minhas paixões platônicas – sempre fui muito fã delas - ou não... Com o passar do tempo passei a soltar os meus bichos, que são tão animalescos quanto de qualquer vivente. E o blog foi por muitos textos o meu confessionário disfarçado para aqueles que não sabem, ou altamente reveladores para aqueles que conhecem as entrelinhas destas sardas.
     Enfim, devo um muito obrigada a todos aqueles que comentaram, ou vieram falar comigo com críticas positivas e negativas, às muitas noites que passei rascunhando cadernos velhos, a lua que me inspira de forma soberana da janela do meu antigo quarto e claro um salve para as minhas emoções que não deixam ser transpassadas em gotas, mas sim, em palavras.
     Vou continuar daqui, da capital, como universitária, republicana na tentativa de organizar minha independência e aspirante neste quarto de parede azul escura cantando fiel a Nando e seus companheiros de cela com minha escova de cabelos.

terça-feira, março 1

Fumaça

     Eu sinto medo. Vejo-me sentada no fim dessas escadas, o maço de cigarros que me acompanha sempre, com esse sebo impregnado nos cabelos e no corpo, que não saem de mim, porque passei a gostar dessa fragrância que parece me tornar segura.
     Isso tudo não é ilusão, me apeguei ao fracasso, às perspectivas negativas que fiz sobre mim logo quando cheguei aqui, há quatro anos. Foi aos poucos que deixei tudo isso entrar acreditando ser brincadeira e que tinha o absoluto controle quando quisesse acabar.
     A verdade é que hoje eu estou aqui, na zona literal e figurada, me esvaindo como a fumaça que sai da minha boca, porque aquilo que um dia sonhei colorido virou cinzas.
     Como eu quero sair daqui! Acordar desse pesadelo, crer que vou acordar e encontrar o sol entrando pela janela, para me brindar com a manhã de uma juventude que precisa ser vivida.