quarta-feira, maio 5

Alguém

Na verdade eu acordei de repente e estava deitada no sofá com as luzes apagadas e de jeans. Consegui ir para cama e cai novamente em sono profundo. Quando me dei conta a movimentação era intensa, os convidados já estavam chegando, decoração, música e ambiente perfeitos, apenas a minha espera.

O vestido estava lá, em algum lugar, pronto para ser usado. Porém, dentro do meu peito a inquietação crescia, junto a palpitações que não sessavam... Eu não queria aquilo! E se não desse certo? Eu nunca havia beijado-o! Como poderia ter certeza daquilo que estava fazendo se ainda não havia decidido o que fazer para o resto da minha vida? Comecei a sentir que ali não era o meu lugar, mas que ainda assim precisava estar ali... Minhas mãos suavam, as lágrimas tomavam conta, mas não ousavam cair e eu aflita ainda olhava para a janela, alternando os passos entre a porta, no carpete macio cor de creme.

Ela entrou pela porta, com um sorriso de excitação desejou-me um maravilhoso dia. Contou-me que a tarde estava linda e que o crepúsculo prometia ser encantador e conduziu-me por aquele monstruoso quarto. Como se a minha aflição não tivesse importância, meu cabelo foi moldado e o rosto recebeu a mais fina arte. O roupão foi deixado ao chão sem o menor pudor e aquele tecido branco evolveu cada centímetro.

Abri meus olhos e as pessoas sorriam, contavam casos engraçados, me abraçavam e eu bebia. Olhava para os lados e reconhecia os rostos mas não o encontrava. A música estava alta e entrava em conflito com milhares de vozes que disputavam o ambiente, até que tudo escureceu....
Minha visão foi bloqueada por duas mãos que logo reconheci serem suas. Apertei – as com força e sorri. Não senti o seu perfume, mas você me abraçou por trás e disse em baixo tom o tamanho da sua felicidade e do seu gostar. Você me abraçou novamente com muita força e eu tornei a fechar os olhos.

Quando abri, já era dia, a janela estava fechada e eu continuava de jeans, porém o calor do seu abraço ainda continuava nas minhas costas e o seu rosto não estava na memória porque não te vi.

2 comentários:

  1. Ah como eu gosto de vir aqui todas as semanas e verificar calmamente estes contos que mais parecem prosas poéticas disfarçadas de histórias humanas!
    É tãO bom! Bjusss mocinha!

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  2. marina, bom texto mano gostie véi

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