segunda-feira, abril 5

Silêncios


Não há barulho, não há ninguém na rua. O caminho segue ladeira a baixo, a única coisa que sinto é o requebrar dos quadris e o vento que molda o vestido no meu corpo e tenta me impulsionar para trás, para o começo da estrada. Nada disso é forte o bastante para me fazer voltar, nem as lembranças... Só o que me mantêm é o fim da estrada, um ponto azul que se estende pelo horizonte de forma abstrata.
O que mais incomoda é a ausência de movimento, sons e corpos físicos; descer por esse caminho de pedras, a observar os casarões antigos, todos com portas e janelas fechadas, vivendo sós para si. Se pudesse atender um desejo, seria talvez o direito a realizar três pedidos – um pouco surreal, eu sei, mas podemos não estar no mundo real. A começar pelos sons, além da voz em minha mente, quero uma trilha sonora, que me balance, preencha os vazios que os objetos são incapazes de ocupar, que abra as portas e janelas e que seja o ritmo da descida a cada batida.
Desejo também humanos, cabeça, tronco e membros, com pele, calor, sentido e expressões. Que me peguem pela mão e me leve junto com eles para qualquer sentido, seguindo o ritmo ditado pela música. Quero que abusem dos meus pés e da minha cintura com a dança que jamais pensei em fazer. Sentir-me cansada, mas leve, como se não estivesse no chão e por alguns momentos talvez tonta, suada e com os pés doendo.
Além disso, desejo também algo que ainda não sei, pois me falta inspiração e criatividade. Poderia desejar que se fosse sonho, que nunca acabe, para que eu possa ficar aqui livre do mundo real. Mas se não, prefiro pensar mais um pouco e quando descobrir, eu venho te contar.

2 comentários:

  1. Oh, venha contar... o terceiro desejo... fiquei com gostinho de quero mais!
    Bjus mocinha!

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  2. Esse é meu preferido! rsrs
    Parabéns querida, sucesso com o Blog!

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