domingo, maio 23

Devaneios

Há muito tempo eu tenho adiado voltar para essas páginas. Por uma série de acontecimentos, acabei distante e sem imaginação para ver palavras fluindo da ponta do lápis como nas semanas anteriores.

A manhã está geladinha e a rua silenciosa; vejo meias embaixo da cama, copos de água espalhados pelos cantos, livros pelo chão e eu aqui sentada, vendo o céu azul e sem nuvens pela janela.

Os fatos que me mantiveram afastada insistem em voltar para ocupar minha cabeça, que até o momento vivia do ócio. Conclui que tudo será resolvido com o tempo, pois soluções imediatas são para o caos e no momento a minha vida anda tão normal quanto à do senhor da banca que trocou figurinhas comigo semana passada.

Decido deixar a mente vagar silenciosa e ela tropeça em você... Nada mais irônico ou casual! Diante de uma infinidade de medos em incertezas quanto ao futuro, eu acabo sempre chegando a você com o meu passado na bagagem! Quanto egoísmo da sua parte, fazer-se sempre presente nos meus devaneios!

Confesso que me sinto irritada com essa simples presença. Você toma todos os espaços, mexe nos lugares mais íntimos e acompanha cada detalhe de cenas que eu escondo até de mim. Você me leva até o espelho, faz insinuações com os olhos e coloca palavras na minha boca, apontando todos os erros.

‘Sai daqui!’ Ouço a voz rouca sair dos meus lábios, enquanto as lágrimas correm soltas pela face, sinto os arrepios e começo a reviver todas as cenas, pausadamente... Quando dou por mim, continuo a fitar o espelho, com os olhos inchados, na esperança de que você desapareça e leve junto aquilo que me aflige.

Mas não, você volta, sempre volta, porque gosta e não abre mão de se divertir.

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