terça-feira, março 1

Fumaça

     Eu sinto medo. Vejo-me sentada no fim dessas escadas, o maço de cigarros que me acompanha sempre, com esse sebo impregnado nos cabelos e no corpo, que não saem de mim, porque passei a gostar dessa fragrância que parece me tornar segura.
     Isso tudo não é ilusão, me apeguei ao fracasso, às perspectivas negativas que fiz sobre mim logo quando cheguei aqui, há quatro anos. Foi aos poucos que deixei tudo isso entrar acreditando ser brincadeira e que tinha o absoluto controle quando quisesse acabar.
     A verdade é que hoje eu estou aqui, na zona literal e figurada, me esvaindo como a fumaça que sai da minha boca, porque aquilo que um dia sonhei colorido virou cinzas.
     Como eu quero sair daqui! Acordar desse pesadelo, crer que vou acordar e encontrar o sol entrando pela janela, para me brindar com a manhã de uma juventude que precisa ser vivida.

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