segunda-feira, janeiro 31

Engavetado

     Ainda me pergunto quando vamos ter esta conversa, que a cada dia parece estar distante. Eu sei que você guarda o espremedor de laranjas com a tampa virada para baixo, pois tem o encaixe perfeito e economiza espaço no armário, aprendi métodos de organização arrumando os talheres na gaveta e sei também que você passa creme hidratante no corpo após o banho, porque a sua pele é muito seca.

     São alguns detalhes de pequenas lembranças de um passado que só agora consigo entender. É perceptível a tristeza no fundo dos seus olhos e a mágoa que está guardada de algo que não te pertencia, e me pergunto se hoje pertence. No entanto, eu vejo a real felicidade no seu sorriso quando você está junto dos seus, pois te faz bem e os tormentos da vida no norte se fazem pequenos.

     Perceber tudo isso, me traz tristeza, porque explica muitos fatos passados, que deixaram marcas físicas e emocionais, e hoje vejo que não nascemos para fazer parte de um dueto ao som do piano, mas quero que saiba, se um dia chegar a ler isso daqui, que meus sentimentos são bons...

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